Conviver com uma doença crónica. O dia a dia de muitas pessoas: adultos, crianças, famílias. É necessário mudar a vida, as rotinas, até mesmo mentalidades. Vamos falar sobre isso? A nível psicológico, o primeiro impacto é sentido no aparecimento dos sintomas. Desde esse momento até à confirmação do diagnóstico pode surgir ansiedade e perguntas como “o que sinto?”, “devo procurar ajuda?”, “estarei doente?”. Se se confirmar o diagnóstico, é necessário reduzir a ansiedade e os medos, arranjando estratégias para lidar com a situação. Como? Por exemplo, conhecendo a doença e aprendendo todos os cuidados necessários. Conhecendo também casos de pessoas que já convivem com a doença e as estratégias que foram desenvolvendo para se adaptar.
A segunda grande tarefa é aderir ao tratamento. Depois de conhecer o diagnóstico, aderir ao tratamento depende (1) da perceção da pessoa sobre a severidade da doença (2) dos custos/benefícios que obtém do tratamento (3) dos fatores motivadores para o tratamento (4) da perceção que a pessoa tem da sua competência para lidar com a doença e com o tratamento. Outra grande questão está relacionada com o controlo dos sintomas. Se a pessoa considerar que o controlo dos sintomas depende (dentro do possível) do seu comportamento, então mais facilmente conseguirá estabilizar os sintomas e conviver com a doença da forma mais funcional possível. Por exemplo, se uma pessoa com diabetes aceitar que o controlo do nível de glicemia depende bastante da sua alimentação, então será mais cuidadosa no seu regime alimentar. Por último, a vivência da doença. Exige muitas mudanças e uma grande capacidade de adaptação quer da própria pessoa, quer da família e dos contextos onde está inserida. Uma dica prática? Desconstruir a ideia que as pessoas à nossa volta têm sobre determinada doença. Informar os outros sobre as características e limitações que a doença pode trazer. Assim, serão capazes de entender o que a pessoa está a passar, ir ao encontro das suas necessidades e irão agir (à partida) de forma mais natural, pois nós agimos de forma mais natural quanto mais conhecemos e lidamos com as situações. Vejamos, no caso de uma criança com doença crónica é necessário a família (e até os profissionais de saúde) articularem com os vários elementos da escola. Por exemplo, se o professor compreender a doença poderá facilitar o conhecimento e o comportamento das outras crianças face às necessidades da criança em causa, alterar dinâmicas e rotinas (se for necessário) para integrar a criança, bem como prever e tentar resolver possíveis obstáculos. Publicado no Jornal de Mafra
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AutorSou a Filipa Marques, psicóloga de formação e de paixão. Archives
November 2021
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