Expectativas. Um dos assuntos que mais faz rolar tinta imaginária no livro do nosso pensamento. Para uns, um bicho papão. Para outros, um tema como outro qualquer. Diga-se a verdade – é um bicho papão para a grande maioria de nós! É por isso que quero desconstruir este assunto. Expectativa (ou expectar) é sinónimo de esperar. Quer isto dizer que quando temos uma expectativa sobre algo estamos à espera que aconteça na realidade um cenário imaginado por nós.
Ter expectativas é bom. Faz-nos traçar um rumo, pensar onde estamos e para onde queremos ir. Leva-nos a mais facilmente tomar ações, lutar por objetivos, seguir caminhos com uma linha de orientação (relativamente) definida. Viver na expectativa ou viver de expectativas não é, de todo, bom. É estar preso ao futuro, a algo que está por vir. É imaginar cenários e viver aprisionado a esses cenários que criámos. Não damos espaço ao imprevisto, à flexibilidade. Se vivermos com expectativas sobre tudo corremos o sério risco das nossas expectativas não serem correspondidas e o resultado é ficarmos sob stress porque o que queríamos que acontecesse não aconteceu como tínhamos imaginado. O mundo não se rege por aquilo que queremos e há muito mais fatores do que aqueles que “controlamos”. Para gerir expectativas há alguns truques. Um deles é criar expectativas realistas. Se tivermos a expectativa de viver umas férias num destino paradisíaco longínquo, mas o nosso orçamento é limitado há que treinar a nossa capacidade de adaptação e resiliência e perceber que podemos viver umas férias excelentes num destino muito bonito, provavelmente mais perto e acessível monetariamente. A forma positiva como encaramos cada momento é que os torna inesquecíveis. O segundo truque é colocar em perspetiva. Por exemplo, começar o dia com um imprevisto não torna todo o dia negativo. Se olharmos para todo o dia que temos por viver, percebemos que certamente haverá momentos positivos para aproveitar. Podemos também relativizar. Dar pouca importância ao que é negativo e focar as coisas boas, percebendo que essas merecem mais a nossa atenção e energia. Por último, sugiro pensar no que realmente é importante. Para quê ficar dececionado com o facto de um pedaço do nosso dia não corresponder ao que imaginámos, se o importante para nós são as pessoas e os valores que nos sustentam? Podemos e devemos criar expectativas, desde que as saibamos gerir e desde que vivamos mais focados no presente. Para viver bem há que viver no presente, somente com as expectativas necessárias, porque assim somos mais abertos à preciosidade de cada momento e às surpresas que a vida nos dá.
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AutorSou a Filipa Marques, psicóloga de formação e de paixão. Archives
November 2021
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