Todos nós já passamos pela dolorosa perda de alguém e hoje, mais do que nunca, ouvimos notícias diárias sobre mortes. É tempo de debatermos o tema do luto. O luto é uma resposta natural à perda de alguém (ou algo) de quem gostamos. É um processo progressivo de adaptação à ausência da pessoa que partiu e ocorre num determinado período (com duração razoavelmente variável). Realizar o luto é conseguir dar significado à vida daquele que partiu e criar com ele (ou com a sua ausência) uma diferente relação. Uma relação preenchida pelas memórias e histórias de tudo aquilo que vivemos em conjunto.
É natural que durante o luto tenhamos sentimentos como tristeza e até mesmo culpa, raiva ou negação. Aliás, todos temos reações diferentes perante a perda daqueles que nos são queridos. É humano passar por estes sentimentos. Mais problemático é quando não passamos, de todo, pela vivência do luto e mais tarde ficamos presos ao vazio criado pela ausência da pessoa. Viver em pandemia pode aumentar estas situações de luto mal vivido. A redução do número de pessoas nos funerais, a impossibilidade de ter a presença confortante dos nossos familiares e amigos para nos dar suporte e até mesmo o facto de não ser possível ver o ente querido uma última vez pode tornar o luto bastante mais complexo e duradouro. Tenhamos ou não vivido o luto em tempo de pandemia, devemos enfrentá-lo tendo em consideração alguns aspetos. Aceitemos os nossos sentimos face à ausência da pessoa, mesmo que pareçam desajustados ou contraditórios. Partilhemos com quem nos é próximo aquilo que sentimos, a dor que estamos a passar, os pensamentos que nos assaltam, as memórias que recordamos. A dor, quando partilhada, reduz a nossa sensação de solidão causada pelo luto. Se possível, mantenha os seus hábitos de sono, alimentação, eventualmente, exercício físico e, quando conseguir, retome a maioria das suas rotinas diárias. Permita-se ter momentos de tranquilidade e outros positivos, realizando atividades que lhe dão satisfação. Não se culpe por ter momentos e sentimentos positivos. Eles não o fazem esquecer a pessoa querida. Se após cerca de 6 meses depois da perda o luto permanecer muito intenso e não conseguir retomar a generalidade da sua vida, não se iniba em procurar um psicólogo que o ajude a lidar com a dor e com a perda. Publicado originalmente em Jornal de Mafra
0 Comments
Leave a Reply. |
AutorSou a Filipa Marques, psicóloga de formação e de paixão. Archives
November 2021
Categories
All
|